COMER “BESTEIRA(S)” OU “ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E SAUDÁVEL”? EXPERIÊNCIAS DO PNAE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Abstract

Este texto apresenta resultados de uma pesquisa desenvolvida com a finalidade de contribuir com o debate acerca dos significados do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) no desenvolvimento da educação para formação de hábitos alimentares saudáveis com alunos/as da Educação Infantil de uma escola pública de Educação Básica. A referida pesquisa está vinculada ao Programa de Mestrado Profissional em Educação: Formação Docente para a Educação Básica da Universidade de Uberaba, na linha Práticas Docentes para a Educação Básica, e ao Grupo de Pesquisa Formação Docente, Direito de Aprendizagem e Práticas Pedagógicas. O referido Programa, gerenciado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, de caráter suplementar, visa transferir recursos financeiros aos entes federados, estados, Distrito Federal e municípios a suprir, parcialmente, necessidades nutricionais dos/as alunos/as e colaborar com a formação de hábitos alimentares saudáveis. A referida pesquisa, com enfoque qualitativo, contemplou revisão bibliográfica, análise de documentos e pesquisa de campo, e foi orientada pela questão: O Programa Nacional de Alimentação Escolar contribui para o fortalecimento da formação de hábitos alimentares saudáveis com alunos/as da educação infantil? Para a produção de dados foram utilizados, além da análise documental, entrevistas semiestruturadas, observação participante e diário de campo. A amostragem contou com um total de 25 participantes, sendo: (7) gestores institucionais e colaboradores da Universidade Federal de Uberlândia e Escola de Educação Básica, (1) nutricionista, (3) merendeiras e (14) professores da educação infantil. A pesquisa foi realizada no período de outubro de 2019 a maio de 2020 em um Colégio de Aplicação, escola pública de educação básica vinculada à Universidade Federal de Uberlândia. Os dados produzidos sobre alimentação escolar, hábitos alimentares saudáveis, merenda escolar e PNAE foram analisados à luz das elaborações de Chaves et al. (2009) e Bezerra (2009). Os resultados evidenciaram que a educação alimentar saudável não estrutura o currículo da Escola pesquisada, mas o tema é tratado em projetos constituídos de ações pontuais. Mostraram evidências de que o valor pedagógico agregado das ações das merendeiras e das técnicas em alimentação escolar são, sem dúvida, relevantes na educação das crianças e adolescentes. Os resultados permitem afirmar que, ao seguir orientações do Programa Nacional de Alimentação Escolar, os alimentos presentes no cardápio têm valor calórico e quantidade de gordura menores que os lanches levados de casa pelos/as alunos/as, cuja maioria aprova o referido cardápio. Além disso, os valores de proteínas são maiores do que os identificados nos lanches enviados pela família. Assim, há possibilidade de educação em alimentação saudável a partir das ações e reflexões vinculadas ao Programa. A análise dos resultados da pesquisa mostra que as escolhas realizadas pelas pessoas por uma “alimentação adequada e saudável”, ao invés de “besteiras”, refletem dimensões históricas socioculturais, afetivas que vão muito além das necessidades biológicas. Com base nos resultados da pesquisa, foi criado um Caderno Referências, Referenciais e Bibliografias sobre “Alimentação Adequada e Saudável”, com sugestões, referências e achados importantes, visando subsidiar o/s professores/as e a escola na ampliação dos conhecimentos sobre aspectos do Programa Nacional de Alimentação Escolar, que vai muito além do oferecimento da merenda em quesitos nutricionais e que envolve aspectos relevantes para uma alimentação saudável e adequada.