CONCEPÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E AS CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO POPULAR

Abstract

O ambientalismo iniciou-se no Brasil, na década de 1960 com o crescimento dos movimentos sociais e o surgimento de ONGs, porém a crise ambiental somente passou a ser encarada como uma crise global a partir da década de 1980. Neste contexto, a Educação Ambiental (EA) emergiu como uma forma de preparar o cidadão para participar da defesa do meio ambiente. Em Araxá, município do estado de Minas Gerais, a EA surgiu em função de pressões sociais por mudanças em função dos impactos ambientais das atividades de mineração, pela participação das ONGs e também pelas exigências das leis ambientais. A Educação Popular (EP) tem suas bases na pedagogia de Paulo Freire e possui um núcleo comum com a EA ao conceber a ecopedagogia a qual busca formar indivíduos críticos e conscientes de seu meio. Neste trabalho buscou-se compreender como a EA é concebida pelos alunos e professores da rede pública do município de Araxá-MG. Foi realizada uma pesquisa descritiva de abordagem quali-quantitativa com aplicação de questionário em três escolas municipais com participação de 68 alunos e 10 professores de 9º ano. A pesquisa mostrou que professores têm concepção sistêmica enquanto os alunos apresentam uma concepção naturalista. Além disso, verificaram-se incoerências entre as concepções ambientais e as ações cotidianas praticadas pelos sujeitos, apontando que, em teoria, consideram-se ambientalmente corretos, mas nas ações diárias demonstram pouca percepção da correlação entre os entendimentos e a práxis sistêmica da geração de seus impactos ambientais. Visto que as premissas da EP - diálogo, participação, conscientização, autonomia e emancipação - apontam para alternativas na formação do cidadão crítico e consciente de suas ações para a melhoria da qualidade de vida da comunidade, é fundamental que haja uma maior interação entre a escola, direção, professores, alunos e pais; entre escola, comunidade e empresas/instituições, pois desta forma será possível conhecer melhor a realidade do entorno, seus pontos positivos e os principais problemas, e assim buscar alternativas para propor ações/soluções. Neste contexto, a Educação Ambiental Popular pode ser o fator “inovador” para que os resultados da EA sejam mais consistentes e se transformem em ações de cidadãos críticos, conscientes de suas obrigações e conhecedores de seus direitos.