INVESTIGAÇÃO DA PRESENÇA Porphyromonas gingivalis EM AMOSTRAS DE LÍQUIDO AMNIÓTICO DE GESTANTES COM DOENÇA PERIODONTAL.

Abstract

Há evidências de que vários micro-organismos possam ser transferidos de mães para filhos durante a vida intrauterina. No entanto, pouco se sabe sobre a transferência de microorganismos orais durante a gestação, especialmente no líquido amniótico, que é o biofluido deglutido pelo feto. Sabendo-se que as doenças periodontais (gengivite e periodontites) são manifestações comuns nas gestantes e que Porphyromonas gingivalis é a principal bactéria associada a essas doenças, é objetivo do presente estudo é avaliar a presença dessa bactéria em amostras de líquido amniótico e saliva materna e comparar com a presença ou não da doença periodontal. Para tanto, 27 amostras de líquido amniótico foram coletadas durante o parto. No dia seguinte, estas mulheres foram entrevistadas, avaliadas oralmente, por exame clínico intra-oral, e amostras salivares foram coletadas por sucção com pipetas Pasteur. As amostras foram transportadas para o laboratório em gelo e submetidas à extração do material genético com kit de extração de DNA Powerlyser. Após quantificação do material extraído, foram realizados os ensaios de PCR com primers específicos para P. gingivalis. Os resultados mostraram que grande parte das gestantes submetidas a essa pesquisa, apresentaram sangramento gengival durante a sondagem, porém, é uma manifestação bastante comum durante o período gravídico, pois estas gestantes estão suscetíveis a variações hormonais como o aumento do estrógeno e da progesterona que diminuem a barreira epitelial, e aumentam a permeabilidade vascular, respectivamente, além de gerar o acúmulo de biofilme nessa região, causando problemas no periodonto das mesma. Grande parte, das amostras salivares de pacientes saudáveis ou pacientes com gengivite, possuíam a presença da bactéria Pg, não houve diferença estatisticamente significantes (p<0,05). A presença de Pg no LA em casos de gestantes com gengivite é comum, visto que tecidos gengivais inflamados, onde o epitélio é ulcerado e o tecido conjuntivo adjacente é altamente vascularizado o que o torna mais fácil a entrada destes micro-organismos na circulação, possibilitando melhor acesso destes no sangue, podendo seguir posteriormente para a placenta contrapondo a ideia que o ambiente intrauterino é livre de bactérias, ou que o feto adquire micro-organismos a partir da entrada no canal vaginal ou até mesmo em contato com a pele da mãe.