PRESENÇA DE Streptococcus mutans E INTERLEUCINA S 6 E 10 EM AMOSTRAS DE LÍQUIDO AMNIÓTICO

Abstract

O período gestacional representa um momento importante para a mãe e filho, pois a exposição materna à antígenos microbianos pode determinar a colonização e desenvolvimento imunológico fetal. A cavidade bucal representa uma porta de entrada de inúmeras espécies bacterianas. Estas por sua vez, podem ocasionar doenças orais importantes, como a cárie dentária, sendo Streptococcus mutans (SM) o principal micro-organismo envolvido na sua etiologia. Estudos prévios demonstraram que neonatos apresentam anticorpos contra SM na saliva na ausência de níveis detectáveis deste micro-organismo, daí a necessidade de investigar a exposição antigênica na vida intrauterina. O objetivo do presente estudo foi avaliar a presença de SM e IL-6 e IL-10 em amostras de Líquido Amniótico (LA) e associar com dados clínicos. O estudo envolveu a participação de 26 mulheres com partos a termo e sem complicações gestacionais. Dados de saúde geral foram colhidos através de um questionário aplicado às participantes. As voluntárias foram examinadas oralmente, o CPOD foi calculado e salivas (SA) não estimuladas foram coletadas. A obtenção de LA foi realizada no Centro Obstétrico do MPHU durante as cesáreas estocadas em gelo. As amostras coletadas (SA e LA) foram encaminhadas ao Laboratório de Biologia Molecular da UNIUBE para análise laboratorial. A análise da presença de DNA de SM foi realizada por ensaios de PCR em tempo real com primers específicos. Os níveis de IL-6 e IL-10 foram realizados através de ELISA com kits específicos para estas interleucinas nas amostras de LA. Os resultados mostraram que 69,2% das amostras de LA apresentavam SM detectável, sendo que 65% das mulheres tinham a bactéria no LA e SA ao mesmo tempo. Houve uma associação positiva entre a presença de SM no LA e relato de não ir ao dentista frequentemente (p<0.05). Não houve diferença estatisticamente significante entre a frequência de LA com detecção ou não de SM e cáries ativas (p>0.05). No entanto, a os escores de CPOD das mulheres com LA positivo para SM foram superiores ao das mulheres sem SM detectável (p<0.05). Os níveis de IL-6 foram superiores ao de IL-10 no LA (p<0.05). Não houve diferenças significantes nos níveis de interleucinas entre amostras com SM detectável ou não no LA e nem mesmo com dados clínicos analisados (p>0.05). Os dados coletados permitiram concluir que o LA possui SM em níveis quantificáveis, provavelmente associados com a maior experiência de cárie, visto pelo maior índice de CPOD. Os níveis de interleucinas não estiveram relacionados com a presença de SM. A presença de SM no LA pode explicar a estimulação imune mucosa de crianças recém nascidas pela detecção prévia de anticorpos salivares contra SM.