PERCURSOS DE HOMENS E DE MULHERES À GESTÃO ESCOLAR: um estudo consubstanciado por classe, gênero e raça

Abstract

A conjuntura das profissões e ocupações, no Brasil, demonstra que homens e mulheres percorrem caminhos diferentes, e desiguais, dadas as relações de gênero, de classe e de raça vigentes em nossa sociedade. Este estudo insere-se na linha de pesquisa “Desenvolvimento profissional, Trabalho docente e Processo de Ensino-aprendizagem” do Programa de Pós-Graduação em Educação. Os estudos científicos sobre gênero, no Brasil notadamente a partir da década de 1980, têm-se debruçado, paulatinamente, sobre a trajetória escolar dos educandos e dos trabalhadores na carreira docente. Há escassos estudos educacionais acerca da trajetória dos trabalhadores às funções executivas da Educação brasileira, consubstanciada às relações de gênero, de classe e de raça, o que motiva a questionar sobre o percurso de homens e de mulheres à função de gestão das escolas brasileiras. Quem são os homens e mulheres que assumem a docência/gestão nas unidades escolares do Brasil? Há desigualdades de gênero, de classe e de raça? Por conseguinte, esta investigação teve como objetivo geral compreender os percursos de homens e de mulheres à função de gestão das escolas brasileiras, consubstanciados por relações sociais de gênero, de classe e de raça, a partir dos indicadores do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira, o Censo Escolar e o SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica em diálogo com a bibliografia. As aproximações entre o Materialismo Histórico Dialético e os Estudos feministas foi o caminho escolhido para compreender o trabalho docente e as atividades de gestão no contexto das relações de gênero, de classe e de raça presentes na sociedade brasileira, especificamente, os estudos da área da Sociologia Feminista Materialista que articulam as categorias de trabalho e gênero. Para compreender o objeto em sua totalidade, na historicidade e em suas múltiplas determinações, realizou-se uma pesquisa de natureza qualiquantitativa, por meio da análise de documentos públicos sobre a Educação nacional no Brasil; em publicações científicas do campo da Educação, da gestão educacional/escolar e dos estudos de gênero e por meio de dados empíricos produzidos por órgãos estatais: IBGE, INEP/MEC e CNPq/MCT. As análises foram organizadas em capítulos: 1) Educação no Brasil e a carreira docente: dimensões históricas sobre a inserção de homens e mulheres; 2) Gestão escolar, suas dimensões e seus dirigentes na legislação educacional brasileira (1980- 2019); 3) Gestão educacional/escolar e estudos de gênero nas pesquisas educacionais; 4) Divisão social, sexual e racial do trabalho: aproximações entre marxismo e feminismo; 5) História de homens e mulheres no trabalho docente: relações de gênero, de classe e de raça no século XXI; 6) Consubstancialidade de gênero, de classe e de raça no fazer-se gestor e gestora na educação brasileira. As análises permitem desvelar contradições na aparente feminização da docência e da gestão escolar: os (as) trabalhadores (as) da Educação ascendem, permanecem e usufruem das condições de trabalho da função de gestão escolar, conforme sua estratificação sexual, racial e de classe, espelhando os percursos vivenciados na formação educacional e no trabalho docente.